September 23, 2019
Dia 10: Ivrea - Torino
O café Bialetti comprado em Aosta foi aberto hoje para o pequeno almoço. A sensação de tirar o selo de segurança da embalagem e ter o aroma de café moído a espalhar-se pela cozinha faz-me inspirar fundo e sorrir. Let the games begin!, diria o David se aquí estivesse.
Fiz um café na aeropress que acompanhei com umas bolachinhas. Este é um ritual que torna tudo mais fácil. O tempo pára, as dores entram em modo pausa e somos levados para um mundo paralelo enquanto seguramos a chávena com as duas mãos e vamos bebericando o café quente. Até que o café acaba e regressamos à terra mas prontos para enfrentar os nossos demónios, sejam eles quais forem.
Mais uma vez o mantra repete-se: eat, sleep, cycle, repeat! Arrumei tudo, sai pela porta da frente com a bicicleta, montei-me no selim e dei as primeiras pedaladas. Hoje seria o meu último dia a pedalar. Chegaria a Turim onde, daí a dois dias iria voltar a Bruxelas de autocarro, numa viagem de 14 horas, durante a noite.
A entrada em Turim é desanimadora. O trânsito é infernal, não há ciclovias, não há passeios, ou melhor há mas estão tão degradados que mal se reconhecem. O estacionamento nos arredores é caótico.
Tinha reservado um quarto num apartamento de quartos para estudantes. O preço de 25€ por noite combinado com a localização não podiam ser melhores.
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À entrada de Turim vejo um placard junto de um restaurante que diz: menu del giorno 10€. Nem pensei duas vezes. Tinha esplanada, requisito essencial para quem viaja de bicicleta. É essencial termos a bicicleta perto de nós sob vigilância permanente. Para isso as esplanadas são o ideal.
Escolhi massa com molho de tomate para primeiro prato e um ovo estrelado com salada de tomate e pão de segundo. Uma coca cola a acompanhar e um café no fim. Paguei e fiz-me ao caminho.
Pouco tempo depois estava à porta do meu último alojamento.
Esperei que o dono chegasse e quando subimos, ele apercebe-se que o hóspede que deveria sair hoje ainda estava no meu quarto. Era um estudante chinês que falava muito mal inglês e zero de italiano. O dono não falava inglês. Felizmente que eu arranho no italiano e lá percebi o que se passava. O estudante chinês queria ficar mais umas noites mas não tinha feito a reserva no booking nem avisou o dono atempadamente para bloquear a reserva. Eu reservei no booking e tinha tido a confirmação que estava ok para as próximas duas noites.
Lá expliquei isso em inglês ao moço, deixei as minhas coisas no corredor e fui tomar um duche. Disse-lhe que ia sair e ele que tomasse o tempo que fosse necessário para arrumar as coisas dele. Saí e levei a chave comigo. Ele só tinha que sair e fechar a porta no trinco.
Turim revelou-se uma surpresa. O dia também ajudou pois estava quente e soalheiro. Em Antuérpia já se vestiam casacos e aqui eu andava de manga curta e calções pela cidade fora, onde o café expresso é divinal e não custa mais do que 1€. Tinha a tarde toda por minha conta, mais o dia seguinte e a manhã do outro dia a seguir. Cirandei pela cidade, jantei uns ravioli divinais e devorei páginas do livro que estava quase a terminar.
Today's ride: 57 km (35 miles)
Total: 601 km (373 miles)
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